terça-feira, 16 de setembro de 2014

Sou-nós



Queria poder chorar no seu ombro, borrar suas camisas de rímel, sua boca e seu pescoço de batom, sua pele com as minhas unhas quase curtas demais. Queria recostar em seu peito e acompanhar o subir e descer de sua respiração enquanto você acaricia meus cabelos, mordisca minha orelha, diz que me ama... Queria passar tardes preguiçosas de sábado ao seu lado dividindo um edredom, o espaço do sofá, um filme bom, a cama. Queria dançar com você na sacada. À luz de velas. À luz da lua. Contando estrelas e tentando decorar os nomes dos satélites de Saturno. E por falar em Saturno, descobrir que essa conversa era só um pretexto pra você estender diante de meus olhos um anel e todos os planos de uma vida ao seu lado. Crianças franzinas correndo no jardim. Minha cara, Olhos teus. As guerras de tinta no quintal. As cuecas e as calcinhas no varal. O café na cama. O dormir. O amanhecer. As brigas. Os beijos. Os bolos de aniversário. Eu te amo, Tu me amas. Nós nos amamos. E todos concordam que é pra ser assim em gênero, número e grau.

"Quero um filho teu. Tua cara, olhos meus.
Cuecas e alcinhas no varal..."
Alexandre Nero - Cuecas e calcinhas

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Anc{Ore}



Oceans (Where Feet May Fail) (acoustic version) by Hillsong United on Grooveshark

Depois de muito meditar cheguei à conclusão que viver na presença de Deus é como navegar. Nós somos o barco, Jesus é o vento, a vida é o mar, e quem entende de navegação - mesmo que só um pouquinho – sabe que para evitar acidentes é preciso que os três itens estejam em perfeita harmonia.

Nascemos de velas abaixadas e por isso nos deixamos levar pela correnteza da vida com certa freqüência. Ficamos às vezes sem rumo, à deriva, cercados de águas revoltas por todos os lados. Olhamos ao redor e tudo o que vemos é mar, nenhuma terra à vista, ninguém pra conversar... Então a noite cai e pela primeira vez lembramo-nos de olhar para o céu em busca de socorro. Olhamos para as estrelas na tentativa de descobrir o caminho, mas por mais que o vejamos não conseguimos segui-lo, pois a correnteza é forte demais. E depois de tanto remar sem sucesso, a gente perde as forças e acaba se deixando naufragar.

Nesses momentos, precisamos ter em mente que ancorar é preciso.
Orar é preciso.

Abrir as velas e deixar que o vento do espírito nos conduza a um porto seguro é a opção mais acertada. Só assim podemos mergulhar no mar da vida sem medo de nos afogarmos. Porque quando o vento, que é Jesus, sopra sobre as águas as ondas deixam de ser tribulações e passam a ser bênçãos. As águas que antes nos afogavam, passam a renovar as nossas forças. A pressão que nos levava à morte nos lapida e nos habilita a boiar durante a madrugada, até que pela manhã, contra todas as leis da física, consigamos andar sobre as águas.

"Se tudo mudou
eu abro as velas da embarcação
na esperança que pela manhã 
avistarei o porto onde te encontrarei..."
Os Arrais - Esperança


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Eu e o Tempo

Não faço mais planos nem promessas pro novo ano. Os planos mudam, as promessas se quebram, e quando não, são esquecidas com o tempo. Aprendi que ele, o tempo, é temperamental, relativo e cheio de vontades. E eu, assim como ele, sou mais instável que uma montanha-russa - quanto mais ele se arrasta, mais eu passo... Tudo passa! É para isso que eu vivo: para chegar até o topo da montanha e cair vertiginosamente na esperança de subir mais uma vez, para presenciar meus “Nãos” transformando-se em “Sins” e ver meus medos sentindo medo de mim. 

{Texto dedicado aos 'Nãos' que já caíram, e a todos os outros que estão prestes a desmoronar.}