sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Capture: Carta pra você dar o nome


Pra Você Dar o Nome by 5 A Seco on Grooveshark

Querida Clarisse,

Antes de mais nada quero que saiba que já escrevi e reescrevi esta carta um milhão de vezes e quase desisti de postá-la mais mil e uma. Mas a vontade de falar com você, mesmo sem obter resposta, falou mais alto, então cedi. Aliás, a arte de ‘ceder’ é algo que venho praticando muito nos últimos tempos, e é esse o motivo desta carta.

Eu sei que você tem medo do ‘pra sempre’ e sente aquele frio na espinha só de pensar em compromisso. Sei também que você foge dos seus sentimentos como o diabo foge da cruz e diz preferir a segurança da solidão, mas vive cercada por livros de romance e suspira a cada ‘eu te amo’, e chora a cada despedida, apesar de odiar despedidas. Sei também que você tranca seus sentimentos à sete chaves numa gaveta, e quando eles tentam explodir o fecho do cadeado você surta à ponto de fugir no primeiro avião sem destino prévio, exatamente como você acabou de fazer.

Sei de todas essas suas excentricidades e, na verdade, gosto. Mesmo quando os seus medos cismam de atrapalhar a nossa vida. Eu gosto não só por achar engraçado, esquisito e bonito ao mesmo tempo, mas porque se o seu medo é o ‘pra sempre’ você não o gastará comigo, mas também com mais ninguém. Pode parecer egoísmo, e talvez seja. A verdade é que eu abriria mão de você pela sua felicidade, mas isso não significa que eu abriria mão do que eu sinto.

Se acaso achar alguém que te faça mais feliz do que eu fiz, se ele conseguir te arrancar um sorriso só com um olhar, então se entregue e seja feliz. Eu sei quão difícil é conseguir essa proeza, pois penei em sua rudez até começar a colecionar os teus sorrisos. Sei que morrerei por dentro a cada riso teu, que não seja meu, mas quero que saiba também que esse sofrimento será meu e não seu, nem de mais ninguém.

Quando se deparar com um lugar bonito, tire uma foto, mande um postal. Dê sinal de vida, mas acima de tudo, viva! Busque suas verdades, busque-se a si mesma. E quando se encontrar, se algo ainda lhe faltar, volte e me procure. Estarei aqui esperando você e os seus medos, suas bagagens e tudo mais o que vier. Quem sabe aí você descubra o que eu sempre soube e quis te dizer, mas não pude, pra não te assustar. Pra te acalmar, fiz essa carta e uma canção. Ela não tem título, foi feita pra você dar o nome. Então me responda quando puder. Se quiser.

Estou realmente empenhado em ceder, mas antes quero que saiba uma coisa: o meu “pra sempre” sempre foi teu e se você ainda não percebeu, o que falta em ti, sou eu. Mas até descobrir tudo isso, deixa pra lá...

Do sempre e sempre teu...
Ciço