quinta-feira, 16 de maio de 2013

#Shelf - Quem é você, Alasca? - John Green



“Se ao menos conseguíssemos enxergar a infinita cadeia de conseqüências que resulta das nossas pequenas decisões. Mas só percebemos tarde demais quando perceber é inútil.”


Título: Quem é você, Alasca?
Título Original: Looking for Alaska
Autor: John Green
Editora: WMF Martins Fontes
Hearts: ♥♥♥♥

Sinopse: Miles Halter é um adolescente fissurado por célebres últimas palavras — e está cansado de sua vidinha segura e sem graça em casa. Vai para uma nova escola à procura daquilo que o poeta François Rabelais, quando estava à beira da morte, chamou de o “Grande Talvez”. Muita coisa o aguarda em Culver Creek, inclusive Alasca Young. Inteligente, engraçada, problemática e extremamente sensual, Alasca levará Miles para o seu labirinto e o catapultará em direção ao Grande Talvez. Quem é você, Alasca? narra de forma brilhante o impacto indelével que uma vida pode ter sobre outra. Este livro incrível marca a chegada de John Green como uma voz importante na ficção contemporânea.


"François Rebelais era poeta. Suas últimas palavras foram: Saio em busca de um Grande Talvez, é por isso que eu estou indo embora. Para não ter de esperar a morte para procurar o Grande Talvez."

Miles (Gordo) Halter é um adolescente muito inteligente e recluso. Gosta de ler biografias e colecionar últimas palavras, e é após ler as últimas palavras do escritor François Rebelais que Miles decide ir em busca de seu ‘Grande Tavez’, transferindo-se  da escola que freqüenta – onde leva uma vida medíocre e sem perspectiva - para a tradicionalíssima escola/internato Culver Creek.
Em Culver Creek, Miles conhece Chip (Coronel) Martin, o rei dos trotes da Culver e seu mais novo colega de quarto. Chip tem lá sua popularidade, sabe bem como pregar peças e agitar a Culver sem ser pego pelo Águia (o diretor), e para isso tem como aliados Takumi (divertido, rapper de primeira, detetive de gaveta) e Alasca Young (misteriosa, apaixonante, o mais novo amor da vida de Miles).

“Agora cumpre dizer que a garota era linda. Ao meu lado, no escuro, ela cheirava a suor, sol e baunilha, e, naquela noite de fina lua crescente, eu não enxergava muito mais que sua silhueta, exceto quando ela fumava, então a ponta chamejante do cigarro banhava seu rosto com um pálida luz avermelhada. Mesmo no escuro, eu podia ver seus olhos – ferozes esmeraldas. Ela tinha olhos do tipo que nos levam a apoiar todas as suas decisões.”

Juntos, Miles, Coronel, Takumi e Alasca enfrentam o labirinto da vida e da adolescência de peito aberto. De maneira, às vezes, inconseqüente – na maioria das vezes, na verdade -, mas muito... real. Os personagens são muito bem construídos, autênticos, divertidos, profundos e apaixonantes. E ver o crescimento dos mesmos ao longo do livro é simplesmente fantástico; Além das falas, é claro! Os diálogos são simplesmente impecáveis.
Tendo como título e, de certa forma, como assunto central o ‘relacionamento’ entre Miles e Alasca, é de se esperar que o livro conte uma grande história de amor, mas engana-se muito quem abre QÉVA achando que o livro trata-se disso. Miles é sim apaixonado por Alasca (pessoa), e o livro gira sim em torno da mesma, mas Alasca (o livro) não é uma história de amor. Pra falar a verdade, Alasca Young é uma megera - o que não a torna menos encantadora - e Gordo é bem ingênuo, quando comparado a ela. Ela é um mistério a ser desvendado, e Miles tenta desvendá-la, conhecê-la... Acontece que no processo ele acaba conhecendo a si mesmo.

Simples assim. De centenas de quilômetros por hora ao repouso em um nanossegundo. Eu queria tanto me deitar ao lado dela, envolvê-la em meus braços e adormecer. Não queria transar, como nos filmes Nem mesmo fazer amor. Só queria dormir com ela, no sentido mais inocente da palavra. Mas eu não tinha coragem. Ela tinha namorado. Eu era um palerma. Ela era apaixonante. Eu era irremediavelmente sem graça. Ela era infinitamente fascinante. Então voltei para o meu quarto e desabei no beliche de baixo, pensando que, se as pessoas fossem chuva, eu era a garoa e ela, um furacão.”

John Green nos leva a perceber o impacto que as pessoas têm sobre a vida das outras. Nos leva a refletir sobre o quando podemos crescer num pequeno espaço de tempo e como nós somos na verdade uma sucessão de acontecimentos e decisões. É um livro bem profundo e filosófico. Aliás, John é especialista nesse tipo de história. Sempre o admirei por escrever livros tão profundos para um público acostumado com histórias tão rasas e superficiais, e minha admiração simplesmente multiplicou depois de Quem e você, Alasca? Pra falar a verdade, as quotes desse livro foram o chamariz para que eu me aventurasse pelo universo de John. Encontrei uma frase na internet, baixei o livro em inglês, li boa parte, mas resolvi guardar a história para quando tivesse o livro físico nas mãos, e não me arrependi.

Para os que ainda estão em dúvida, saibam que Alasca é um livro incrível que te faz refletir, rir e até mesmo chorar em certos momentos. Falando em chorar, dedico ao John o prêmio Taylor Swift da literatura, porque Olha... tá difícil segurar essa depressão pós livros, viu! Ainda estou de ressaca literária. Agora só me resta superar. Mais uma vez superar o fim de um livro tão delicioso. Espero que isso aconteça da maneira mais simples: rápida e diretamente. Mas creio que esse meu labirinto nunca vai ter fim. Aliás, se é pra sofrer por livros, eu prefiro o labirinto.

“Quando os adultos dizem: ‘Os adolescentes se acham invencíveis’, com aquele sorriso malicioso e idiota estampado na cara, eles não sabem quanto estão certos. Não devemos perder a esperança, pois jamais seremos irremediavelmente feridos. Pensamos que somos invencíveis porque realmente somos. Não nascemos, nem morremos. Como toda energia, nós simplesmente mudamos de forma, de tamanho e de manifestação. Os adultos esquecem disso quando envelhecem. Ficam com medo de perder e de fracassar. Mas essa parte que é maior do que a soma das partes não tem começo e não tem fim, e, portanto, não pode falhar.”




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6 comentários:

  1. Dor no meu coração em ler isso com vontade de ler o livro. Apenas.

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    1. E vai ficar com mais vontade ainda quando descobrir que minha postagem não chegou aos pé do livro de aneira alguma.

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  2. Tadinha da Alaska, ela só era bipolar, gente, hehehe. Esse livro é muito bom! Como eu fiquei curiosa com teu comentário lá no Pipoca Musical, vim conferir tua resenha do livro. Ficou muito bacana!!!! ;D

    Beijo!
    www.pipocamusical.com.br

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    1. Ela é uma megera. A minha megera! Sou apaixonada por esse personagem, de verdade, mas ela é uma megera. Rsrrs!

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