terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Poeme-se: Tudo o que sou e já fui, flui


Já faz um bom tempo que eu sinto aqui dentro que eu não caibo mais em mim.
Não caibo mais nos meus planos de três anos atrás e nem nos de semana passada. Não caibo mais nas canções que eu gravava em CDs, nem nas músicas das bandas que eu descobri ontem de madrugada. Não caibo nas palavras escritas no diário, nem na descrição de perfil abaixo da foto aqui ao lado.
É como se o rio da vida tivesse passado velozmente me fazendo perceber que tudo aquilo que eu fui já não me cabe mais. Tudo o que sou e já fui, flui e para sempre fluirá, escoando pelos dedos feito as fortes ondas do mar. Como as gotas da chuva que escorrem pelo meu corpo, renovando tudo de fora pra dentro e de dentro pra fora...
E agora?
Quem serei?
Que será?

Nada do que fui me veste agora
sou toda gota...
Quando fui chuva - Maria Gadu e Luis Kiari