terça-feira, 30 de abril de 2013

Cronices: Provo, não levo. Compro quando puder.


Quem nunca entrou numa loja e se viu forçada a provar uma roupa - sem compromisso -, que atire a primeira pedra. Quem nunca pediu caridosamente à vendedora que guardasse a peça até o fim do dia enquanto “ia até em casa buscar o cartão”, que atire uma pedreira inteira. Há muito mais mistérios entre as mulheres e os provadores, que desconfia a vã filosofia masculina, e eu – que só não sou uma compradora compulsiva por simples falta de dinheiro – sou prova viva disso.

Toda semana é a mesma ladainha: “Só estou dando uma olhada”, “Qualquer coisa eu chamo”, “Pode reservar?”; e nunca, nunca mais as tais vendedoras voltam a ver nossas caras-de-pau. É a peça que não faz jus ao preço, é o pano que fica estranho onde não deveria, é a carteira, na maioria das vezes, vazia ou até mesmo o simples e inenarrável prazer de vestir algo novo – mesmo sem possuir dinheiro de papel ou disponibilidade no cartão para de fato adquirir algo novo.

Eu, como 99,9 % da população feminina, sou extremamente culpada. Quantas não foram as vezes que uma boa loja e o amigo provador melhoraram meu humor?? Foram tantas que não posso contar nos dedos.

Dia desses, num dia daqueles, me vi perdida em meio a araras caçando algo, alguma coisa, um não sei o quê que só mesmo o silêncio do provador poderia me oferecer: Privacidade e roupas novas. Um momento só meu pra suspirar pelas peças, respirar pela vida e contar até mil, e assim o fiz. Meia hora depois eu sai dali. A vendedora nada perguntou e eu nem fiz questão de embromá-la. Ela apenas me lançou um olhar compreensivo e recolheu as peças que eu não levaria – TODAS. Acho que meu nariz vermelho, disse tudo.  Só faltou ela me desejar melhoras e me dar um abraço daqueles, bem apertados, estilo melhor amiga.

Parece futilidade, e talvez seja na verdade. Mas se o mundo soubesse o bem que uma boa roupa nova somada a um provador vazio tem o poder de fazer... Ah! Tenho certeza que muitos homicídios e suicídios seriam evitados. Eu, pelo menos, deixei de matar muitas pessoas só por ter topado com uma roupa bonita e um provador acolhedor no meio do caminho. Chamem-me de que quiser: Fútil, mulherzinha, esquizofrênica e o que mais der na telha. Mas assassina? Isso não! Minha futilidade me livrou da cadeia, mas caso eu não consiga dinheiro para comprar as roupas, chamem a polícia e acrescentem cleptomaníaca e ladra á minha lista.

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4 comentários:

  1. Garota, tem ideia do quanto eu senti falta dessas suas crônicas lindas? Super me identificando no quesito esquizofrênica, beirando à compulsividade - somente interrompida pela falta do bom e velho "money no bolso". Adorei!
    Beijinhos.

    http://missthay.blogspot.com.br

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    Respostas
    1. Estou me redescobrindo... srsrs!
      Somos pobrys, somos esquizofrênicas!!!

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  2. Quem não vai na loja entre olha e ama aquela roupa... e não tem money para ela! haha
    seguindo vc. ;D
    Bjs

    http://achadosdamila.blogspot.com.br/

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